Quando seu Peugeot 207 sedã começou a apresentar dificuldades para sair do lugar, o técnico em segurança do trabalho Fábio Florêncio, 38, pressentiu que o gasto com o conserto seria elevado.
"Meu carro patinava nas arrancadas, então, o levei na oficina. O mecânico teve de trocar o kit de embreagem [platô, disco e rolamento], e eu tinha rodado apenas 11 mil quilômetros com o veículo."
O que causou o desgaste precoce da peça foi um mau hábito ao volante: manter o pé esquerdo apoiado no pedal de embreagem. Quem fazia isso era Renata, 36, mulher de Florêncio. Ela usa o veículo com frequência.
Outros problemas podem ser consequências de atos que parecem preservar o carro, mas têm efeito contrário.
"Quando o motorista cruza uma lombada na diagonal, até a base da carroceria pode ser afetada pelo movimento de torção", afirma Antônio Fiola, presidente do Sindirepa-SP (sindicato que reúne os reparadores de veículos do Estado de São Paulo).
Consertar os defeitos causados por maus hábitos custa mais do que fazer uma revisão normal.
Se no momento de realizar o alinhamento o proprietário descobre, por exemplo, que há um par de pneus que precisa ser trocado, o custo do serviço salta de R$ 150 para R$ 750 no caso de um carro médio nacional.
O desgaste precoce pode ter sido gerado pela repetição de um ato corriqueiro: estacionar o automóvel com as rodas dianteiras ou traseiras encostadas na guia.
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DESCANSAR A MÃO NO CÂMBIO
Além de não ser seguro dirigir apenas com uma das mãos no volante, o peso sobre a alavanca força as engrenagens do sistema. "Os danos são o desgaste prematuro de componentes da caixa de câmbio, afetando as trocas de marchas", diz Antônio Fiola, do Sindirepa-SP (sindicato dos reparadores). Segundo Fernando Fuzita, da Cartec Mecânica, um serviço de recuperação da caixa de marchas de um carro manual custa cerca de R$ 1.200
'SEGURAR' O CARRO EM SUBIDAS USANDO EMBREAGEM E ACELERADOR
Muitos motoristas têm orgulho de conseguir controlar o carro em aclives utilizando os pedais de embreagem e aceleração. Contudo, essa manobra aumenta o desgaste do carro. A peça que mais sofre é o disco de embreagem: se houver quebra, será difícil engatar as marchas. No caso dos carros automáticos, deixar o veículo parado na ladeira usando apenas o câmbio na posição "Drive" sobrecarrega o sistema -o prejuízo em caso de defeito pode passar dos R$ 4.000. Nas duas situações, a regra é sempre manter o pé no freio ou deixar o freio de mão puxado quando o veículo estiver parado
PASSAR 'DE LADO' POR LOMBADAS
O movimento de torção da carroceria que ocorre ao passar na diagonal por lombadas ou valetas pode causar folgas e quebras em componentes da suspensão como buchas, molas e amortecedores. De acordo com Jair Silva, gerente de serviços da Nakata, a recomendação é ultrapassar a lombada em baixa velocidade, com as duas rodas dianteiras tocando simultaneamente o obstáculo. A substituição de um jogo de buchas custa de R$ 500 a R$ 1.300
GIRAR O VOLANTE ATÉ O FIM DO CURSO E FORÇÁ-LO AO MANOBRAR
Se o carro for equipado com direção hidráulica, há desgaste da bomba de direção e de seus retentores. Em carros equipados com assistência hidráulica, dá para ouvir um ruído quando o volante é esterçado até o fim do curso. O barulho indica que o motorista está aplicando força demais na manobra. Ao sentir que o volante chegou até seu batente, o motorista deve aliviar um pouco a força antes de colocar o carro em movimento
ESTACIONAR COM O PNEU ENCOSTADO NA GUIA
"Se o choque ocorrer de maneira frontal contra a guia, poderá ocorrer uma compressão excessiva da banda de rodagem e da lateral do pneu, danificando de forma definitiva sua estrutura", diz Fabrice Weisgal Wermus, da Goodyear do Brasil. Os impactos podem causar bolhas e desbalancear as rodas, levando a vibrações no volante. Um jogo de pneus pode custar entre R$ 550 e R$ 1.200, dependendo das medidas
USAR O FREIO EM EXCESSO
Além de consumir mais combustível, essa prática aumenta o desgaste de pastilhas e discos de freio. O ideal é antever manobras (paradas no semáforo, por exemplo) e usar reduções de marcha para diminuir a velocidade. Outra prática arriscada é frear violentamente quando se está fazendo uma curva, pois o carro pode patinar ou rodar na pista. Se o motorista sentir que está perdendo o controle do veículo nessa situação, é sinal de que está mais rápido do que deveria
DESCER AS LADEIRAS EM PONTO MORTO
Essa é uma prática antiga e desnecessária, além de arriscada. Além de não economizar combustível, há aumento no desgaste das pastilhas e dos discos de freio. Pode ocorrer também a fadiga do sistema, com superaquecimento e perda de eficiência. "Quando se está em ponto morto, a injeção eletrônica envia combustível para que o motor continue funcionando", diz César Samos, proprietário da Mecânica do Gato. Isso não ocorre quando o carro está com o câmbio engatado na ladeira: a rotação mantém o motor ligado sem gastar gasolina e ainda ajuda a controlar a velocidade do carro
PISAR NA EMBREAGEM SEM MOTIVOS
Além de "segurar" o carro nos aclives, outro vício comum é descansar o pé esquerdo na embreagem, que só deve ser acionada na hora de fazer as trocas de marchas. Para prolongar a vida útil do conjunto, o correto é pressionar o pedal até o fundo e soltá-lo de forma suave
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