Um pai russo compartilhou recentemente, uma história que aconteceu 15 anos atrás. Acontece que certo dia quando acordou um pouco mais cedo e se dirigia a cozinha ele se deparou com uma cena que todo pai certamente odiaria: encontrou sua filha menor de idade, com 17 anos, e um jovem, dormindo nus juntos no sofá da sala.
O que você faria em uma situação como essa? Atenção: a história foi escrita por um russo (pai da garota) que não domina o idioma inglês totalmente, de forma que alguns trechos da história são meio inconsistentes.
Relato
Uma manhã, quando descia as escadas, topei exatamente com esta cena: a minha filha de 17 anos deitada seminua com um estranho no sofá da sala, após o que deve ter sido uma noite de “trabalho duro”. Eu fiz o café calmamente e depois fui até meu quarto dizer à minha esposa, ao meu filho e à minha outra filha mais nova para que não fizessem barulho, porque ainda havia pessoas dormindo na casa.
A mesa estava bem à frente do sofá, a cerca de uns 5 metros mais ou menos. Quando a família estava toda acomodada para tomar o desjejum, eu gritei:
– “Jovem, o café da manhã está pronto!”, eu nunca vi ninguém levantar-se tão rapidamente na minha vida. E com um tom grave, como se fosse chupar sua alma para fora de seu corpo, disse eu puxando a cadeira para o meu lado:
– “Sente-se aqui”. Minha família ficou em silêncio, apenas olhando para seus pratos sem dar um pio.
Ele levantou-se, com uma mão na frente e outra atrás, tentando esconder a bunda branca, vestiu suas roupas que estavam ao lado da mesa de jantar e sentou-se. Meu filho deu um tapinha no ombro dele, olhou-o nos olhos, suspirou e balançou a cabeça. Ele estava muito, muito nervoso. Em meu melhor sotaque russo e com a voz mais grave ainda olhei o bem nos olhos e disse:
– “Meu jovem, vou lhe fazer uma pergunta. A resposta que você der será muito importante… para você. Então preste atenção!”. Nesse ponto, eu podia ver as gotas de suor que brotavam na sua testa:
– “Você gosta de gatos?”
Ele era um jovem muito simpático e amigável. Claramente sem instrução, mas não era estúpido. Havia algo estranho nele. Minha filha me garantiu que era muito gentil e atencioso com ela. Ela o conheceu há poucos meses e desde então ele vinha a nossa casa todos os dias, mas nunca tinha passado uma noite aqui.
Todas as manhãs, ele vinha buscá-la para levá-la à escola em sua bicicleta, e trazia-a para casa depois, e assegurava que fizesse sua lição de casa. Ele cuidou dela quando estava doente e nós estávamos no trabalho. Ele investiu muito tempo e esforço para ficar perto de minha filha. Ele, em verdade, teve a paciência de um anjo quando ela estava em sua TPM.
Ele disse que não tinha família, não pode estudar, nem tinha emprego fixo. Ela adorava o rapaz. Ele adorava minha filha de paixão. Quem era eu para impedi-la de aprender com seus próprios erros?
Oito meses depois de conhecê-lo, meu filho veio me perguntar se eu sabia mais alguma coisa sobre o rapaz. Foi ai que fiquei sabendo que ele era sem-teto, seu pai era abusivo e acabou se matando. Sua mãe, uma viciada em crack, também se suicidou três semanas depois no trailer alugado onde moravam. Ele tinha então 15 anos e passou a morar nas ruas por três anos, dormindo em parques, nos abrigos do Exército da Salvação, com “amigos”, hotéis baratos. Ele fazia bicos como ajudante de pedreiro para ter o que comer.
Agora, lá estava eu em frente aquele jovem de 18 ou 19 anos, que sempre foi educado, que chegava e saía de minha casa sempre com um sorriso no rosto. Ele nos ajudou e o mais importante de tudo: ele fazia a felicidade de minha filha. Este era um garoto que nunca teve a chance de ser uma criança.
Às vezes, ele sumia por alguns dias, porque arrumava um trabalho fora, e devo confessar que sentia a sua falta.
Eles não são melhores amigos, mas o meu filho se dá bem com ele. Minha filha mais nova confia nele incondicionalmente e o instinto maternal da minha esposa parece ter se estendido em sua direção. E eu? Eu às vezes ficava meio preocupado por ele. Eu queria que ele fosse feliz.
Quando contei para a minha esposa e minha filha mais nova como era a sua condição de vida e as agruras que ele já tinha vivenciado, elas choraram. Foi difícil contar toda a história. No entanto, eu fiquei decepcionado com minha filha mais velha, porque ela já sabia de tudo e nunca nos disse. Ela o amava, mas o deixava ir embora todas as noites para onde???
No dia seguinte, eu dei-lhe uma chave da nossa casa. Eu disse a ele que esperaria que viesse para casa todas as noites. Nas próximas semanas decidimos dar um jeito no nosso quarto de hóspedes e compramos móveis novos. Ele era muito bom com trabalhos manuais. Ele queria ser o seu próprio patrão, pois gostava de construir coisas.
Isso aconteceu em 2000. Agora, 15 anos depois, minha filha e meu genro me presentearam com 3 lindos netos, têm um negócio próspero e lucrativo e continuam se amando mais do que qualquer coisa na vida.