Dizem que os não-tatuados são os novos tatuados. Não sei se é pra tanto, mas o fato é que a eternizada arte sobre a pele nunca foi tão popular, e resistir ao impulso de incrementar a epiderme com uns rabiscos aleatórios que certamente um dia serão motivo de vergonha e arrependimento virou um verdadeiro desafio para a atual geração.
Particularmente, eu nunca fui vaidoso como a maioria dos tatuados e sua obstinação em adornar o corpo, e ainda sou meio medroso com a ideia de me arrepender de uma tatuagem e ter que conviver com aquilo pra sempre. Em certo momento da vida, lá entre a segunda e a terceira adolescência (sim, eu tive muitas), quando parecia que todos os meus amigos, sem exceção, já tinham suas tatuagens, tentei pensar no que eu poderia tatuar, e montei uma lista com umas 30 ideias, mas nenhuma boa o suficiente pra me convencer a tomar tal irrevogável decisão. Na verdade, se for contar a Branca de Neve e os sete anões como uma coisa só foram 23, e não 30 ideias.
Mais adiante, com vinte e poucos anos, reuni as motivações necessárias para fazer minha primeira tatuagem e por obra do destino recebi uma ligação telefônica me comunicando que eu havia ganhado uma promoção de um site que eu nem sabia que estava concorrendo. O prêmio era umatattoo do único tatuador que eu conhecia de nome até então, um dos melhores do país. Do alto de minhas superstições, achei que eram “sinais” suficientes pra criar coragem.
Antes contudo, tomei uma sábia decisão. Se eu iria tomar uma atitude de efeitos permanentes, precisava estar realmente convencido, a ponto de conseguir argumentar convincentemente a favor das agulhadas. E o meu último teste, prova final, seria debater a ideia de fazer uma tatuagem com cada um dos meus parentes mais chatos conservadores.
Eu queria tatuar um símbolo religioso que por acaso tinha sido usado no flyer da festa que mudou minha vida. Lembro que me marcaram as palavras do meu irmão, que hoje é oficial da Marinha, mas na época já era careta: “Pensa nas pessoas que tatuaram coisas do tempo da Discoteca… antigamente era legal, mas quando passou a moda elas ficaram bregas.”
Não sei se ele usou o exemplo de propósito fazendo psicologia reversa para apoiar a minha tatuagem, ou se simplesmente não fazia ideia de que eu me amarro em tudo ligado à época da Discoteca – provavelmente pelo fato de eu já existir nos anos 80, ainda que criança, ao contrário do meu irmão.
No fim das contas eu fiz a tatuagem, e me tornei até entusiasta da arte (tanto que trazemos sempre à pauta do blog nossas maravilhosas
“dicas de tatuagem para sua filha”). Mas considero importante que a decisão seja amadurecida, pensada e repensada.
Para ajudar os nossos estimados leitores que eventualmente estejam pensando levianamente em fazer uma tatuagem, trazemos abaixo uma lista com 15 motivos pelos quais você NÃO deveria cometer esta loucura. Se nem mesmo esta compilação de tirinhas sobre o tema for capaz de te fazer mudar de ideia, podemos livrar nossa consciência de eventuais tragédias, com a certeza de que pelo menos você refletiu sobre o assunto.
1. Seu corpo não é um altar
2. Você pode ficar igual a todo mundo
3. Você não tem um bom motivo de verdade
4. Você terá que conviver com perguntas imbecis
5. Você não ouviu a opinião de especialistas
6. Nenhuma tatuagem possui utilidade real
7. Os dados de uma tatuagem não podem ser atualizados
8. Sua “obra de arte” será exposta na hora mais inoportuna
9. Tatuagens não te deixam mais forte
10. Seus descendentes irão ficar sabendo
11. Você terá que conviver com a dúvida
12. Você não precisa provar nada pra ninguém
13. Suas motivações são fúteis
14. Ainda não inventaram uma máquina do tempo
15. Mal entendidos acontecem